segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Crianças brasileiras têm carência de vitaminas e sais minerais

Uma pesquisa coordenada pela Universidade Federal de São Paulo acompanhou a alimentação de mais de 3 mil crianças durante oito meses. O estudo foi feito em Pernambuco, Amazonas, Rio Grande do Norte, Distrito Federal, Mato Grosso, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.

"Elas costumam pedir macarrão instantâneo, achocolatado, bolacha recheada. Você percebe que é uma coisa que elas comem em casa, é uma coisa do cotidiano delas fora da escola", diz a nutricionista Viviane dos Santos, apontando que os maus hábitos alimentares são formados desde o berço.

A pesquisa mostrou que o Brasil tem conseguido reduzir os níveis de desnutrição. E revelou também que o maior problema hoje não é o acesso aos alimentos, mas a escolha do que oferecer à criança e a forma de preparar a comida.

Os nutricionistas constataram que as escolas públicas oferecem a melhor refeição - completa e balanceada. Nas escolas particulares, a alimentação também é boa. O problema está em casa.

A ingestão de fibras, vitaminas e ferro é insuficiente. E o consumo de colesterol e gordura trans está acima do recomendado pela Organização Mundial da Saúde. As crianças brasileiras comem frutas, verduras, legumes e leite de menos; e também ingerem doces, gorduras e sal demais.

"Isso pode trazer diversas conseqüências para o futuro. Uma delas, a gente já discute, que é a hipertensão. E o consumo excessivo de sódio faz com que a criança tenha necessidade de líquidos açucarados", explica a nutricionista Fernanda Martins.

O preço do desequilíbrio alimentar pode ser conferido em números alarmantes. Mais de 27% das crianças apresentam excesso de peso, 11% são obesas e 5% têm estatura abaixo da média.

O trabalho deixa um alerta. Mesmo sem faltar comida na mesa, muitas crianças sofrem do que o coordenador da pesquisa chamou de fome oculta.

"A fome oculta é a carência de vitaminas e sais minerais, que podem alterar muito o funcionamento da inteligência, o desenvolvimento da memória, a capacidade de aprendizado e a resistência a infecções", explica Mauro Fisberg.

O levantamento vai servir de base para um relatório que deve ser encaminhado ao Governo Federal.

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